terça-feira, 25 de maio de 2010

Cristo é o Deus encarnado: Que diferença isto faz?


Cristo é o Deus Encarnado: Que diferença isso faz?
Queridos irmãos(as), todos nos seres humanos somos portadores de uma identidade. A nossa identidade revela perante a sociedade e nos ajuda a melhor compreendermos a idéia que as pessoas tem ou esperam de nos.
A identidade que sem tem de alguém e fator determinante para o relacionamento entre amigos, inimigos irmãos, namorados etc. Assim, podemos dizer que toda relação humana e o resultado de um processo de algum tipo de identificação com um ser ou pessoa. Essa igreja também possui uma identidade, suas formas próprias de expressão, e de se encarar a vida. E isso o que permite que todos vocês estejam unidos dias após dias.
A relação de identificação transpõe o simples limite das relações humanas e pessoais e também se reflete na visão religiosa de um povo ou pessoa. Pode-se afirmar que o nosso relacionamento com o transcendente, com o divino, e também marcada por algum tipo de concepção ou crença sobre Deus. Não importa se essa crença resulta da revelação de Deus, como crêem os cristãos a respeito da fé na pessoa de Jesus Cristo, ou se essa crença e mero fruto projeção da mente humana como afirma a antropologia.
A religião e uma pergunta humana sobre Quem e deus e uma busca constante por ele para que com ele se estabeleça algum tipo de relação, ou seja uma busca do ser humano de se identificar com Deus.
Estes dois textos que lemos no evangelho e na I carta de João traça um discurso significante em resposta a essa pergunta. De forma poética o autor define a pessoa de Cristo como sendo o Verbo de Deus encarnado que, sendo o próprio Deus, viveu e se identificou entre os seres humanos. O autor trata da identificação de Cristo para responder as duvidas a respeito da verdadeira encarnação de cristo e da sua deidade levantadas em seu tempo (+- 90 a.C.). A partir disso trata das implicações dessa doutrina para a fé crista e vida crista, de todos os seres humanos, e de todo o universo em geral.
A pergunta que se fazia no seu tempo era: Jesus era humano de verdade ou apenas fingia? se possuía carne humana como poderia ser Deus? Em resposta a essa pergunta João responde:

Jesus Cristo e Deus Encarnado e isso faz grandes diferenças para a nossa vida e fé.
O titulo da nossa reflexão nessa noite lhe convida a pensar exatamente sobre a seguinte questão:

Jesus Cristo e Deus Encarnado: que diferença isso faz?

Nestes dois textos que lemos queremos destacar três atitudes praticas da encarnação de Deus em Cristo para a vida da igreja, da nossa em particular e do universo em geral.
A encarnação de Cristo é fator determinante do processo de identificação entre o ser humano e Deus a ponto de influenciar a nossa visão sobre Deus em três aspectos que se destacam:

1. NA CRIACAO – SENHORIO DE CRISTO
Queridos irmãos(as) este dois textos que lemos, como falamos anteriormente, identifica a pessoa de Cristo a criação. Ele nos que “ ele estava no principio, tudo foi feito por ele e sem ele nada do que foi feito se fez” (v. 2). Nele esta apenas a vida mas também o sentido da vida em sua expressão máxima que e conhecimento da vontade e gloria de Deus. Pois na vida se revela a vontade do Senhor. Essa vida era a luz dos homens (v. 4.9). Luz clareia o caminho e aponta novas direções.
O autor ao tratar da formação da criação a partir da preexistência de deus associa a vida como dependente de Deus, que encarnado em Cristo se revelou a toda a humanidade. Isso nos chama atenção para a implicação pratica que resulta do reconhecimento de que Cristo, sendo o próprio Deus encarnado, e também o Senhor de toda a criação pois toda a criação foi feita por ele e a ele pertence, por isso, lhe deve obediência.
Jesus Cristo é o verbo de Deus, palavra viva, e como verbo é a primeira e a ultima palavra em toda a criação. Pois antes tudo foi feito por sua palavra e por ela tudo pode ser modificado inclusive serem feitas novas. Ele mostrou isso inclusive diante da natureza. A apreensão dos discípulos diante da ordem de Jesus a tempestade revelou isso: “Quem e esse que o vento e o mar lhes obedecem? “ Jesus é aquele que no livro de Apocalipse pode dizer: “eis que faço novas todas as coisas” .
Nelson Kirst, pastor luterano, nos diz que nos escritos de João Jesus é chamado de verbo de deus, ou seja, tudo o que Deus tinha a dizer e revelar aos seres humanos ele disse na própria pessoa de Jesus. Podemos dizer que Jesus é o discurso de Deus sobre si mesmo vivido de forma humana. Ele é o próprio Deus revelado em carne e osso e como tal é o Senhor presente, sendo isso o que nos motiva a obediência das suas palavras.
O nosso reconhecimento é também o resultado desse senhorio que se fez presente na própria historia da sua criação: “veio para o que era seu” sem ter medo de rejeição “ mas os seus não o receberam”. Apesar disso ele não usa e abusa do seu poder de mando. Usa do seu amor e bondade a ponto de dar a todos os que receberam o poder de se serem feitos filhos de Deus bastando para isso crer nele. E assim fazer parte da nova criação por mérito exclusivo da vontade Deus que pela fé derramada por ele em nossos corações, nos chama novamente a ele (v. 12).
A grande beleza da encarnação de Cristo e que ela nos revela um deus Senhor não patrão, diretor presidente. Ele faz parte do dia a dia da sua criação e o seu chamado e um chamado a salvação e liberdade. Nessa relação Servo-Senhor ele também demonstra que como Senhor ele e também o responsável pela manutenção da vida de toda a criação, especialmente da vida humano e promove dela o sustento. E uma relação de provisão e de proteção. Onde todos os aspectos da vida humana estão debaixo também da sua preocupação podendo assim dizer, não tenham medo porque ate mesmo os cabelos das vossas cabeças estão contados e ai daqueles que vos fizer algum mal. Não estejais inquietos quanto ao dia de amanha a respeito do que haverás de comer ou vestir olhais os lírios dos campos eles não plantam nem colhem, as aves, também não plantam nem colhem, mas Deus o criador a todos concede o sustento.
Se ele se preocupa em sustentar as aves e os lírios muito mais se preocupa com você e lhe sustenta. Como ser humano o Deus sofreu na própria pele todos os dramas do ser humano nada lhe é oculto.
Assim, reconhecer que Cristo é o próprio Deus encarnado, é reconhecer o Senhor não distante e indiferente à sua criação, mas que revela na sua vontade uma preocupação com a manutenção da vida, por isso vale apenas obedecê-lo, pois conhecendo a sua criação, a sua vontade para ela é também boa perfeita e agradável.

2. NA ADORAÇÃO – DEIDADE DE CRISTO
A redenção da humanidade, e por extensão de toda a criação, se da por meio da encarnação do próprio Deus que revela em sua plenitude a humanidade, na pessoa de Cristo e sofre como meteria todo o drama do mundo material e promove, como Deus o livramento do mundo material ao reaproximar da divindade.
Ele estava no principio com Deus e como Deus ele viu o sofrimento de Deus por causa da separação do homem, na encarnação agora ele sofre como homem a separação de Deus por causa do pecado. Ao assumir a encarnação humana ele é a expressão máxima da humanidade e da deidade presente na terra e no céu.
Como homem ele levou sobre si as nossas dores, sentiu o peso do pecado mesmo não tendo pecado, o impulso da tentação, e a distancia que separa a transcendência da imanência o divino e o humano, o espiritual e o material. Tudo se reconciliou nele. Ele vivenciou todos esses conflitos o procurou conciliá-los.
Em Cristo, infinito e infinito sofre a dor de se chegar ao fim o santo sofre o peso do pecador, o imortal sofre o drama da morte, o uno sofre a dor da separação, e clama: Pai porque me desamparastes. O pai em solidariedade ao filho escurece o mundo e evita o calor extremo que aumentaria mais ainda a dor por causa dos seus ferimentos, perdia sangue e aumentava a dor. Com o filho O Pai geme e chora como disse o teólogo Moltamm. Em Cristo se pode dizer Deus nao era apenas o Deus encarnado, mas também o Deus crucificado. É o amor de Deus pelo ser humano levado por si mesmo as ultimas conseqüências.
Ele se deixou tocar, ouvir, emudeceu, compreender, impressionar. Por isso o autor da I carta de João diz aquele que os nossos olhos viram as nossas mãos apalparam. Ele se fez glória e desprezo, viveu todas as contradições. Ele não era uma aparência de Deus nem de homem. Cristo era tanto homem que era Deus, como afirmou o teólogo Leonardo Boff: um ser tão humano assim só poderia ser Deus.
Como pode Deus sendo puro se tornar matéria humana se a matéria é impura? Esse era um assunto de dar nó na cabeça dos gregos. Os escritos joaninos enfatizam o testemunho acerca de Cristo como sendo o próprio Deus encarnado que através da encarnação se identifica com a matéra criada por ele e nao apenas se identifica, mas acima de tudo, não permite a contaminação da sua matéria por isso promove a redenção de ambos, pois reconcilia espirito e matéria. Mostra aos adeptos da filosofia grega que Cristo era o próprio Deus se deixando tocar por seres humanos impuros e limitados. Não era a sombra do mundo das idéias como criam os gregos, era o próprio Deus em nosso mundo. Não eram reminiscências; Era a própria luz divina revelada em todo a graça e verdade na sua mais intensa glória, glória do Pai em carne humana revelada na pessoa do Filho.
O apóstolo Paulo nos diz que ele em tudo foi tentado como ser humano, mas sem pecado algum. Jesus Cristo, o Deus encarnado foi a ultima palavra de Deus contra o pecado que promove a maldade
Ele se fez condenado levando consigo o peso da nossa condenação e se fez salvação por que a sua vida foi uma vida de graça e de verdade. O Senhor nao poderia deixar a sua própria alma no Hades e com ela toda a raça humana entregue ao poder do mal, mas se reduziu a ir ate lá e resgatar a vida dos seres humanos e com ela toda a criação que se entregara ao poder do mal por causa do domínio do pecado.
Mas como deus a morte nao o poderia detê-lo. Por isso ele ressuscitou

3. NA COMUNHÃO – HUMANIDADE DE CRISTO

O autor do Ev. e I epistola de João nos mostra que o reconhecimento de que Jesus é o Deus encarnado faz uma grande diferença na comunhão. Essa doutrina é fator determinante de novos paradigmas de relacionamentos tanto entre os seres humanos quanto entre o ser humano e o próprio Deus. Ela nos revela um Deus-humano e nos leva a assumir a nossa própria humanização.
Ele identifica a pessoa de Cristo com a manifestação do próprio Deus assumindo uma natureza e, com ela, a humanidade em carne e osso entre nós. Nele, o verbo de Deus, havia a unidade do Pai, do Filho e do Espirito como a totalidade da deidade numa relação de plena comunhão: O Filho estava com o Pai desde o principio e o Pai estava com o Filho, o filho era a própria vida eterna voltada para o Pai e a comunhão motivada pelo Filho e a comunhão com o Pai, a gloria revelada pelo Filho e a glória do Pai. E o Espirito Santo é o Espirito do Cristo ressuscitado que glorifica a ambos.
As relações humanas agora são chamadas à comunhão a semelhança da comunhão existente entre o Pai, o Filho e o Espirito. Nela um não tem em vista propriamente o que e seu mas também o que e do outro (Fl. 2,17). Não há competições. Diante das situações conflitantes o Filho pede: "Pai, se for possível passe de mim esse cálice mas, numa atitude de comunhão, reconhece que não seja a minha mas a tua vontade".
Até mesmo na cruz quando ele viveu um momento de intensa dor e angústia, o Filho, questionando a separação, pergunta? "Pai, porque me desamparastes?" Mas também é capaz de dizer numa atitude de rendição e comunhão: “Pai, nas tuas mãos eu entrego o meu espirito". Ninguém tem maior amor do que esse a ponto de dar a sua própria vida na cruz por alguém.
O anúncio do Evangelho de Cristo, que prega a sua encarnação, a sua morte e ressurreição para promover a comunhão do ser humano com Deus, desvenda os nossos olhos para que contemplemos à luz da revelação divina, a comunhão que brota da encarnação divina em Cristo e assim sermos mais humanos. Ele nos leva a manter a comunhão que brota do exemplo de Cristo e assim termos comunhão também com Deus, pois em Cristo o divino e o humano se tocam e se harmonizam. É a superação da barreira da separação criada pelo pecado desde Adão.

O pecado provocara a separação entre os seres humanos e entre Deus e entre as pessoas e Deus. A encarnação de Deus em Cristo agora provoca a comunhão entre humanos e Deus e humanos.

O reconhecimento de que Deus também veio a nós em carne humana nos leva a termos mais preocupação com a vida humana de forma integral, suprir aos nossos irmãos quer seja na alimentação, vestimentas, carinho e acompanhamento em qualquer situação. O próprio Cristo revelou tal preocupação com os aflitos do seu tempo e se identificou também com eles. Ele mesmo afirmou que "qualquer um que der em copo de água a um dos pequeninos a mim me destes". Deus sabe muito bem o que é a fome, a sede, e a dor. Ele sofreu na pele por isso nos chama a comunhão com eles e de uns com os outros a fim de superar tais dificuldades.

CONCLUSAO

Assim, queridos irmãos(as), a encarnação de Deus em Cristo nos mostra que Deus se identifica com o ser humano. Ele mesmo revelou a sua própria identidade ao se fazer humano e nos desafia a busca de uma humanidade mais coerente com Deus e com os nossos semelhantes vivenciando a maravilhosa verdade da adoração, serviço aquele que levando em si todas as nossas angustias e separações, nos chama a vivenciar a sua maravilhosa redenção por meio da sua morte e ressurreição.

Que o Senhor Deus nos ajude a sermos mais parecidos com Ele e assim o nosso relacionamento com Deus e os nossos irmãos sejam mais profundos.

Amém.
Sem. Israel de Souza Cruz

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